quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nos Trilhos visita do Sr. Carlos Osório a Saracuruna parte II

PIL 2015 Duas grandes preocupações parte I

Área de Proteção Ambiental Guapi-Mirim, caso bem-sucedido de integração com uso sustentável

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Área de manguezal em recuperação, reflorestada há um ano. A cooperativa usa os sucessivos plantios como berçários para os próximos.

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Foz do Rio Caceribu e a Baía de Guanabara ao fundo. Os oito rios que atravessam as UCs estão comprometidos pelo despejo de esgoto in natura de cidades à montante, como São Gonçalo, que trata menos de 20% do esgoto.

como a primeira unidade de conservação do país voltada para a preservação de um manguezal. Fica no estado do Rio de Janeiro e abrange os municípios de Magé, Guapimirim, Itaboraí e São Gonçalo. Dentro dela, em 2006, foi criada a Estação Ecológica (ESEC) da Guanabara. Esta peculiaridade permitiu fazer a gestão das duas unidades de conservação de forma integrada. Hoje, elas compartilham recursos técnicos, materiais e financeiros. "O interessante desse modelo, além de otimizar recursos, é planejar a gestão do território a partir das diferenças e complementariedades das duas unidades de conservação, e isso tem funcionado bem aqui", diz Klinton Senra, gestor da ESEC da Guanabara. "O conselho consultivo é o mesmo para a APA e a ESEC, e a maior parte dos seus membros advém das colônias e associações de pescadores, todas têm representantes".

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A despeito dos exemplos pelo Brasil de Áreas de Proteção Ambiental que são apenas um nome e um polígono no mapa, Maurício Muniz, gestor da APA Guapi-mirim, defende que o problema não é deste tipo de categoria de Unidade de Conservação. "O que define é a capacidade do órgão gestor de administrar o território. No nosso caso, 80% da área é pública ou de domínio público. Por isso, o modelo APA é adequado, pois é possível fazer conservação com uso sustentável, como por exemplo a caça do caranguejo-uça".
A Cooperativa Manguezal Fluminense nasceu em 2008 impulsionada pela visão destes gestores de que era preciso aliar a conservação aos usos tradicionais do território. Hoje, tem 26 membros, a maioria pescadores, que receberam capacitação para desenvolver turismo de base comunitária e fazer reflorestamento. Alaildo Malafaia participou da criação da cooperativa e hoje é um dos seus membros mais atuantes. Na sala cedida pelo ICMBio na sede da APA, Malafaia trabalha na parte logística e operacional dos projetos de reflorestamento. Mas é dentro do manguezal que se sente à vontade. "Quando eu era pescador, eu não sabia o valor disso tudo, pra mim era só pau e lama", diz.
Os gestores queriam que os próprios pescadores entendessem a necessidade do manejo da pesca. Maurício Muniz conta que era comum a pesca ilegal com redes ou na época de defeso. "Nós achamos que só a fiscalização não era suficiente", diz. "Hoje em dia há vários grupos locais que prestam serviços para a APA, como guias de pesquisadores e visitantes ou atuando no reflorestamento".
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A Cooperativa Manguezal Fluminense conduz o Projeto Uça de recuperação do mangue, administrado pela ONG Guardiões do Mar. Com ações semelhantes, nos últimos oito anos já foram recuperados 40 hectares de manguezal, cerca de um terço da área total já restaurada na APA Guapi-mirim e na ESEC Guanabara. O número é pequeno frente ao total de 6 mil hectares de manguezal nas duas UCs, mas é um caso de sucesso de integração da população tradicional na gestão e conservação.
O manguezal da APA sofre enormes pressões advindas do crescimento da zona metropolitana e empreendimentos no entorno. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) está distante apenas 10 km. Os oito rios que deságuam na Baia passam por dentro da APA e da ESEC. Eles estão comprometidos pelo lançamento de esgoto in natura e poluição de cidades e fábricas no entorno. Porém, continuam essenciais para a pesca. "Quase todo o pescado que sai da Baía de Guanabara depende do Manguezal da APA. O ciclo de vida dos peixes ocorre inteiro, ou em parte, dentro da Unidade de Conservação", diz Klinton Senra, "O caranguejo consumido no estado é quase cem por cento extraído de dentro da Área de Proteção Ambiental".
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Vista da entrada do Manguezal da APA Guapi-mirim, no recôncavo da Baía de Guanabara. Ao fundo, a Serra dos Órgãos e o pico do Dedo de Deus. Fotos: Marcio Isensee

*Este texto é original do blog Observatório de UCs, republicado em O Eco através de um acordo de conteúdo.
 Marcio Isensee e Sá - 


Mobilidade Sustentável


A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento social e econômico do país, no qual as crescentes taxas de urbanização, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas.

Em outras palavras, o padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual mostra-se insustentável, tanto no que se refere à proteção ambiental quanto no atendimento das necessidades de deslocamento que caracterizam a vida urbana. A resposta tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do aumento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometimento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público, atropelamentos e stress).

A necessidade de mudanças profundas nos padrões tradicionais de mobilidade, na perspectiva de cidades mais justas e sustentáveis, levou à recente aprovação da Lei Federal nº 12.587 de 2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana e contém princípios, diretrizes e instrumentos fundamentais para o processo de transição. Dentre estes, vale destacar:

  • integração (da Política Nacional de Mobilidade Urbana) com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos;
  • prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado;
  • integração entre os modos e serviços de transporte urbano;
  • mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas na cidade;
  • incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes;
  • priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado;
  • restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados em locais e horários predeterminados;
  • aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte urbano pela utilização da infraestrutura urbana, visando a desestimular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade, vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura urbana destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não motorizado e no financiamento do subsídio público da tarifa de transporte público, na forma da lei;
  • dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados;
  • monitoramento e controle das emissões dos gases de efeito local e de efeito estufa dos modos de transporte motorizado, facultando a restrição de acesso a determinadas vias em razão da criticidade dos índices de emissões de poluição.

Construção Sustentável


Reconhecidamente, o setor da construção civil tem papel fundamental para a realização dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável. O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indústria da construção como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais. Além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações entre construção e meio ambiente.

Na busca de minimizar os impactos ambientais provocados pela construção, surge o paradigma da construção sustentável. No âmbito da Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento, a construção sustentável é definida como: "um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica". No contexto do desenvolvimento sustentável, o conceito transcende a sustentabilidade ambiental, para abraçar a sustentabilidade econômica e social, que enfatiza a adição de valor à qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades.

Os desafios para o setor da construção são diversos, porém, em síntese, consistem na redução e otimização do consumo de materiais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do ambiente natural e na melhoria da qualidade do ambiente construído. Para tanto, recomenda-se:
  • mudança dos conceitos da arquitetura convencional na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças de uso e atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições;
  • busca de soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias renováveis;
  • gestão ecológica da água;
  • redução do uso de materiais com alto impacto ambiental;
  • redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais.

Além disso, a construção e o gerenciamento do ambiente construído devem ser encarados dentro da perspectiva de ciclo de vida.

As tendências atuais em relação ao tema da construção sustentável caminham em duas direções. De um lado, centros de pesquisa em tecnologias alternativas pregam o resgate de materiais e tecnologias vernáculas com o uso da terra crua, da palha, da pedra, do bambu, entre outros materiais naturais e pouco processados a serem organizados em ecovilas e comunidades alternativas. De outro lado, empresários apostam em "empreendimentos verdes", com as certificações, tanto no âmbito da edificação quanto no âmbito do urbano. No entanto, muito edifícios rotulados como verdes refletem apenas esforços para reduzir a energia incorporada e são, em muitos outros aspectos, convencionais, tanto na aparência quanto no processo construtivo. Além disso, deve-se questionar os benefícios que um selo desenvolvido para outra realidade pode trazer, especialmente para países como o Brasil que ainda não resolveram seus problemas mais básicos como pobreza e desigualdade social.

Os governos municipais possuem grande potencial de atuação na temática das construções sustentáveis. As prefeituras podem induzir e fomentar boas práticas por meio da legislação urbanística e código de edificações, incentivos tributários e convênios com as concessionárias dos serviços públicos de água, esgotos e energia. Para contribuir com tais iniciativas, segue um conjunto de prescrições adequadas à realidade brasileira abrangendo aspectos urbanísticos e edilícios.

Para a implantação urbana, recomenda-se: adaptação à topografia local, com redução da movimentação de terra; preservação de espécies nativas; previsão de ruas e caminhos que privilegiem o pedestre e o ciclista e contemplem a acessibilidade universal; previsão de espaços de uso comum para integração da comunidade; e, preferencialmente, de usos do solo diversificados, minimizando os deslocamentos.

No âmbito da edificação, entende-se como essenciais: adequação do projeto ao clima do local, minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação, iluminação e aquecimento naturais; previsão de requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou, no mínimo, possibilidade de adaptação posterior; atenção para a orientação solar adequada, evitando-se a repetição do mesmo projeto em orientações diferentes; utilização de coberturas verdes; e a suspensão da construção do solo (a depender do clima).

Na escolha dos materiais de construção: a utilização de materiais disponíveis no local, pouco processados, não tóxicos, potencialmente recicláveis, culturalmente aceitos, propícios para a autoconstrução e para a construção em regime de mutirões, com conteúdo reciclado. Além disso, deve-se evitar sempre o uso de materiais químicos prejudiciais à saúde humana ou ao meio ambiente, como amianto, CFC, HCFC, formaldeído, policloreto de vinila (PVC), tratamento de madeira com CCA, entre outros. Quanto aos resíduos da construção civil, deve-se atentar para a sua redução e disposição adequada, promovendo-se a reciclagem e reuso dos materiais.

Com relação à energia, recomenda-se o uso do coletor solar térmico para aquecimento de água, de energia eólica para bombeamento de água e de energia solar fotovoltaica, com possibilidade de se injetar o excedente na rede pública. Sobre águas e esgoto, é interessante prever: a coleta e utilização de águas pluviais, utilização de dispositivos economizadores de água, reuso de águas, tratamento adequado de esgoto no local e, quando possível, o uso de banheiro seco.

A respeito do tratamento das áreas externas, recomenda-se a valorização dos elementos naturais no tratamento paisagístico e o uso de espécies nativas, a destinação de espaços para produção de alimentos e compostagem de resíduos orgânicos, o uso de reciclados da construção na pavimentação e de pavimentação permeável, a previsão de passeios sombreados no verão e ensolarados no inverno.

Fogo na floresta mobiliza 1.413 brigadistas



Paulo de Araújo/MMA
Prevfogo em ação: bons resultados
Ibama procura recrutar pessoal das próprias comunidades, por conhecer melhor a região.

Por Marta Moraes – Editor: Marco Moreira

 
Nos últimos dias, informações sobre incêndios tiveram destaque nos principais veículos de comunicação. No dia 24 de julho, por exemplo, pelo menos 1.106 hectares de vegetação foram destruídos por um incêndio no Parque Estadual dos Pireneus, em Pirenópolis (Goiás). Dias antes (21 de julho), um incêndio no Parque Burle Marx, no centro de Brasília, atingiu 335 mil metros quadrados.

No dia 14 de julho, brigada do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esteve no Parque Nacional de Brasília fazendo aceiros (faixas ao longo da área queimada, com a finalidade de prevenir a passagem do fogo para fora da área delimitada), chamando a atenção de quem passava pela rodovia próxima.

PERÍODO CRÍTICO
O chefe do Prevfogo, Rodrigo Falleiro, explica que o período crítico de ocorrência de incêndios florestais no Centro Oeste começa normalmente em julho, fica mais grave em agosto e setembro, e vai até outubro. “É como se os incêndios nascessem no centro do Brasil e fossem se expandindo em direção à Amazônia, ao Pantanal, Sudeste, até que, no final do ano, a temporada de incêndios chegue a Roraima e no Nordeste”, explica.

Para combater incêndios em épocas tão distintas, o Prevfogo possui, esse ano, 74 brigadas somando 1.413 integrantes. Essa força de trabalho é contratada apenas durante a temporada de incêndios florestais, que varia a depender da região do Brasil e têm algumas peculiaridades. Existem, por exemplo, grupos criados nas terras indígenas, com 608 brigadistas, formados por integrantes da própria comunidade, que são selecionados, recebem capacitação, salário, assistência técnica, equipamentos e veículo para realizar as atividades de prevenção e de combate.

Como programa de governo, as brigadas indígenas começaram em 2013 e apresentam excelente resultado. São responsáveis hoje pelo combate de uma área de 17.140.265 hectares - Tocantins, Pará, Mato Grosso, Maranhão e Mato Grosso do Sul e Roraima.

REPERCUSSÃO POSITIVA

O fato de serem integradas por pessoas da comunidade, que conhecem a região, gera maior conscientização dos demais habitantes. “Nota-se uma mudança de postura da comunidade depois do programa de brigadas”, diz Falleiro. “O programa tem uma repercussão positiva, que vai além do fogo, repercutindo na questão social, na economia, na preservação ambiental e na própria gestão territorial”.

Outra brigada bem específica é a Kalunga, localizada no quilombo de mesmo nome, em Goiás, identificado como área de grande importância ambiental, com 265 mil hectares de Cerrado preservados. Segundo o chefe do Prevfogo, o grupamento também vem apresentando resultados excepcionais.

AÇÕES NO CERRADO
Para lugares diferentes, ações específicas. No Cerrado, por exemplo, o Prevfogo vem avançando numa técnica conhecida como manejo do fogo. “Por muito tempo o fogo foi considerado um elemento puramente negativo e predador”, acrescenta Falleiros. Com o tempo e os exemplos práticos de outros países, aprendidos a partir de um projeto, fruto de uma cooperação técnica entre Brasil e Alemanha, tais ocorrências acabaram permitindo uma grande reflexão sobre o combate a incêndios nas áreas de savana.

O projeto “Prevenção, Controle e Monitoramento de Queimadas Irregulares e Incêndios Florestais no Cerrado”, também conhecido como Cerrado-Jalapão, prevê um conjunto de atividades visando melhorar a prevenção e controle de incêndios e queimadas no bioma Cerrado e, em particular, na região do Jalapão (Tocantins), contribuindo, assim, para a manutenção das funções do Cerrado como sumidouro de carbono de relevância global.

As ações do projeto demonstraram que o uso do fogo no Cerrado por meio de queimadas prescritas, aplicadas com critério, não só ajuda no combate aos incêndios como auxilia na preservação da própria biodiversidade do Cerrado e numa menor emissão de gases.

PREVENÇÃO

Em todas as ações realizadas no Brasil, Rodrigo Faleiros destaca que existe um trabalho de cooperação muito próximo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Trabalhando juntos, temos possibilidade de uma rápida mobilização, não só no combate, como também na prevenção”, destaca.

Para a prevenção, a educação ambiental é fundamental. Praticamente todos os incêndios ambientais são provocados pelo ser humano: em parte acidental, em parte por ignorância e parte por crime. “Poderíamos trabalhar essa parte do que é ignorância e do que é acidental, e resolveríamos 80% dos incêndios”, destaca o chefe do Prevfogo. “Temos um trabalho de educação ambiental para o fogo nas comunidades, pois não adianta colocar uma brigada indígena numa comunidade se não procuramos conscientizar a população.”

Por este motivo, os brigadistas são treinados para atuar, também, como multiplicadores, e há um trabalho com professores, na formação das crianças, além de campanhas pontuais de mídia. Atualmente, o maior problema é a baixa responsabilização dos que provocam deliberadamente os incêndios florestais. “Há uma dificuldade em provar o dolo ou a culpa”, lamenta Falleiros.

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) - (61) 2028.1165

Incêndios Florestais


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As queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o país entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade.

Este problema foi identificado na década de 80, quando as mídias nacionais e internacionais tornaram públicos os dados alarmantes de focos de calor observados pelo Inpe. O fato evidenciou a ausência de estrutura governamental organizada para implementar ações de prevenção e combate aos incêndios florestais e exigiu do Governo uma resposta a este problema.

Considerando a importância da temática, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - Prevfogo foi criado em 1989 e tem atuado na promoção, apoio, coordenação e execução de atividades educativas, pesquisa, monitoramento, controle de queimadas, prevenção e combate aos incêndios florestais em todo território nacional.

Nova planta carnívora é descoberta no Brasil graças a foto em rede social


Planta encontrada em MG usa substância grudenta para pegar insetos.
Especialistas brasileiros começaram estudo ao verem foto no Facebook.

Marina FrancoDo G1, em São Paulo
Glândulas da planta soltam substância grudenta que aprisiona pequenos insetos, que morrem sufocados e são digeridos por enzimas (Foto: Paulo Gonella)Glândulas da planta soltam gotas de substância grudenta que aprisiona pequenos insetos, que morrem sufocados e são digeridos por enzimas (Foto: Paulo Gonella)

O pesquisador brasileiro Paulo Gonella segura amostra de planta carnívora em visita a montanhas em Minas Gerais (Foto: Carlos Rohrbacher)O pesquisador brasileiro Paulo Gonella segura amostra de planta carnívora em visita a montanhas em Minas Gerais (Foto: Carlos Rohrbacher)
Pesquisadores brasileiros descobriram uma nova espécie de planta carnívora depois que uma foto dela foi publicada no Facebook. Paulo Gonella, que estuda plantas do gênero Drosera em seu doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), reconheceu se tratar de uma variedade até então desconhecida da ciência só de olhar a imagem compartilhada na rede social por um amigo seu e que, originalmente, foi postada por um orquidófilo após uma caminhada em montanhas próximas da cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais.
“Só de ver a foto, a princípio, já deu pra levantar a suspeita de que era uma nova espécie. Ela parecia muito diferente. Entrei em contato com o fotógrafo e três meses depois estávamos viajando para estudá-la. Chegando lá e vendo ao vivo, confirmamos a nossa suspeita”, diz o pesquisador aoG1.
Gonella, que faz um doutorado sanduíche (curso com parte do estudo em outra instituição) e estuda também no Jardim Botânico de Munique, na Alemanha, realizou a pesquisa em parceria com o também brasileiro Fernando Rivadavia, botânico que vive nos Estados Unidos.
A planta carnívora Drosera magnifica captura pequenos insetos em suas folhas (Foto: Paulo Gonella)A planta carnívora Drosera magnifica captura
pequenos insetos em suas folhas
(Foto: Paulo Gonella)
O estudo começou em 2013 e foi publicado no periódico internacional "Phytotaxa", na última sexta-feira (24), com a ajuda de Andreas Fleischmann, pesquisador do Jardim Botânico de Munique.
Na pesquisa, o grupo constatou que a planta é a maior do gênero Drosera no continente americano e uma das três maiores do gênero no mundo, conta Gonella. Ela pode atingir comprimento de mais de 1,5 m, com folhas de até 24 cm. Por conta de seu tamanho e da aparência excepcional, a nova espécie foi nomeada Drosera magnifica.
Dieta carnívora
As folhas da planta têm “tentáculos” que soltam gotas de uma substância grudenta capaz de aprisionar pequenos insetos, fonte de sua dieta carnívora. Os “tentáculos”, na realidade glândulas da folhagem, são vermelhos e reluzentes, e seu visual em contraste com o verde é o que atrai os pequenos artrópodes.
Como a maioria das espécies do gênero Drosera, as folhas e os “tentáculos” se movimentam, podendo até dobrar, e aprisionam a presa ao soltar mais da substância colante em gotas que lembram gotículas de orvalho – daí o nome popular “orvalhinha” das plantas do gênero. Os insetos morrem sufocados e são digeridos por enzimas expelidas pela planta. Os animais são fonte de nutrientes como nitrogênio e fósforo.
De fato, ao chegar na área montanhosa de Minas Gerais os pesquisadores encontraram a Drosera magnifica cobertas com muitos insetos.
Nossa expectativa é que [a nova planta] sirva de bandeira para preservar o local em que foi descoberta, que é uma região promissora para a descoberta de novas espécies"
Paulo Gonella, pesquisador da USP
Risco de extinção
Os pesquisadores brasileiros voltaram à região em 2014 para ver se a planta estava em outras montanhas da região, mas não a encontraram. “Ao que tudo indica, ela é endêmica dessa única montanha e ocorre bem no topo”, diz Gonella. O gênero tem cerca de 250 espécies em áreas tropicais de todo o mundo.
Por estar em uma região que já sofreu muito desmatamento, os pesquisadores ressaltam no artigo científico que a planta já pode ser considerada ameaçada de extinção, de acordo com os critérios e categorias da lista da vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), tida como referência mundial.
“Nossa expectativa é que [a nova planta] sirva de bandeira para preservar o local em que foi descoberta, que é pouco preservado e uma região promissora para a descoberta de novas espécies”, diz Gonella.
Planta carnívora descoberta em montanha de Minas Gerais foi descrita como uma nova espécie do gênero das 'orvalinhas' (Foto: Paulo Gonella)Planta carnívora descoberta em montanha de Minas Gerais foi descrita como uma nova espécie do gênero das 'orvalinhas' (Foto: Paulo Gonella)

Cientistas desvendam segredo das formigas para carregar alimentos 'gigantes'

BBC


Pesquisa israelense sugere que animais trabalham em grupo mas respondem a formigas 'guias', em um equilíbrio 'perfeito' entre individualidade e conformismo.

Jonathan WebbRepórter de ciência da BBC News
Para cientistas, as formigas parecem ter a quantidade exata de 'individualismo errático' para funcionarem em grupo (Foto: Ehud Fonio, Ofer Feinerman/ BBC)Para cientistas, as formigas parecem ter a quantidade exata de 'individualismo errático' para funcionarem em grupo (Foto: Ehud Fonio, Ofer Feinerman/ BBC)
Muitas formigas precisam trabalhar juntas para mover grandes itens.
Cientistas de Israel descobriram como formigas cooperam para carregar grandes pedaços de comida aos formigueiros.
Um grande grupo de formigas fica encarregado de levantar o peso - mas essas formigas não têm direção. Por isso, um pequeno grupo de "guias" intervém e conduz o grupo por curtos períodos.
Aparentemente, as formigas têm um equilíbrio matematicamente perfeito entre individualidade e conformismo, segundos os pesquisadores.
A descoberta foi feita por meio da análise de vídeos de formigas carregando pedaços de alimento de grande dimensão, entre eles flocos de cereais matinais.
Publicado na revista científica Nature Communications, o estudo usou uma espécie muito comum do animal conhecida como "formiga louca".
O nome faz referência ao jeito como essas pequenas criaturas correm, frequentemente mudando de direção de forma aleatória.
Mas as novas descobertas indicam que o nível de aleatoriedade no comportamento dessas formigas é muito bem afinado.
'Guias'
"O grupo é afinado para responder às formigas líderes", disse o autor sênior do estudo, Ofer Feinerman, um físico do Weizmann Institute of Science, em Rehovot.
Ele disse que as formigas parecem ter a quantidade exata de "individualismo errático". Em cerca de 90% do tempo, elas "seguem o fluxo", se movimentando na mesma direção que todos os outros; nos outros 10% dos casos o comportamento delas honra o nome.
Isso significa que, ao todo, cada equipe de transporte das formigas trabalha junto e evita um cabo de guerra desnecessário. Mas, crucialmente, seu temperamento errático permite um grau de instabilidade - e isso, por sua vez, permite que uma única formiga com novas informações chegue e mude a direção.
"Essa líder que chega não precisa se apresentar e nem precisa ser mais forte que o resto - ela só precisa empurrar na direção correta", disse Feinerman à BBC News.
"A única comunicação no sistema é a força que eles captam através do objeto (que carregam) ."
Então, enquanto o número de formigas na equipe determina a velocidade com que o item será transportado, a navegação é feita por esses "guias".
'Roubando ração de gato'
Para testar seu modelo, Feinerman e seus colegas colocaram as formigas em algumas situações extremas - dando a elas objetos bem maiores do que os que elas costumam transportar.
"A previsão que o modelo nos deu é que podemos brincar com essa mistura de conformismo e não conformismo", disse. "Se você move algo enorme, você precisa de bem mais formigas. E aí a força que cada formiga sente através do objeto é muito maior. Então todas as formigas sentem um necessidade maior de agir como conformistas."
Quando as formigas foram apresentadas a discos de silicone de 8 cm ou até mesmo 16 cm, elas perderam o temperamento errático e todas empurraram na mesma direção. Os discos de moveram em linha reta - mas fazer a navegação por obstáculos se tornou impossível."
O sistema delas funciona melhor, explica Feinerman, para objetos de tamanho médio (para uma formiga) de cerca de 1cm, ou "o que eles conseguem passar pela entrada do formigueiro".
Então, os cereais usados na experiência funcionaram com perfeição. E, estranhamente, a ração de gato também - e foi exatamente assim que o projeto começou.
"[Um dos meus colegas] se mudou para um novo apartamento na mesma época que entrou no laboratório, e havia formigas em seu apartamento. Ele viu ração de gato se movendo - elas estavam roubando a comida."
"Ele chegou com um vídeo disso no dia seguinte. Assistimos a isso e percebemos que era muito interessante... Estamos trabalhando nisso há quatro anos agora."

Despoluição da Baía de Guanabara já gastou R$ 10 bi e prevê mais R$ 20 bi


Meta olímpica de despoluir 80% da baía não será cumprida.
Governo diz que não tem dinheiro para realizar o trabalho sozinho.

Em 20 anos, os programas de despoluição da Baía de Guanabara, no Rio, já consumiram R$10 bilhões em empréstimos. Hoje, o governo diz que ainda precisa de mais 20 anos e pelo menos R$ 20 bilhões para recuperar toda a área. Desse total, R$ 13 bilhões poderiam ser gastos nos próximos 5 anos pra melhorar um pouco a situação se a iniciativa privada ajudar. O governo diz que não tem dinheiro pra fazer isso sozinho.
A Baía de Guanabara é a terceira maior do mundo. Ao todo, 55 rios e canais desaguam nela, levando muita sujeira. Conforme mostrou o RJTV, atualmente, ela recebe cerca de 8 mil litros de esgoto por segundo e cerca de 100 toneladas de lixo por dia. Há dez anos, a média era de 15 mil litros de esgoto por segundo.
O esgoto que cai na Baía de Guanabara parte de 16 cidades da Região Metropolitana do Rio, das quais 13 não o tratam devidamente.
O compromisso olímpico de tratar pelo menos 80% esgoto não vai ser cumprido. A ideia para os próximos 20 anos é fazer com que o esgoto das casas da Região Metropolitana caia na rede de água da chuva. E em dias secos, esse material escoaria para uma grande rede coletora em direção às sete estações de tratamento que já existem. Mas hoje operam muito abaixo da capacidade, porque o esgoto simplesmente não chega até lá.

A gente conta muito com a força da natureza, com a capacidade da própria natureza e com a força das correntezas que correm pela baía de contribuir para renovação dessa água. Então, hoje é possível e a gente não vai fazer feio nas olimpíadas porque tem territórios em que a qualidade da água da baía é realmente muito boa”, disse Vicente Loureiro, diretor-executivo da Câmara Metropolitana de Integração Governamental do Rio de Janeiro                    
http://glo.bo/1DdegMOo.