terça-feira, 9 de dezembro de 2014

CONVITE DA CRUZ VERMELHA DO RIO DE JANEIRO Entrada x


Prezados(as) Representantes de Filiais e Coordenações Municipais,
Bom dia.
No próximo final de semana, entre os dias 12 e 14/12/2014, estaremos realizando um Encontro de Formação Contínua para Socorristas.
Seria muito importante contarmos com sua presença, lembrando que quanto mais nossas capacitações forem consoantes, maior será nossa eficiência no momento de uma pronta resposta ou atuação em nossos Municípios.
O número de representantes, por Filial, não está estipulado. No entanto, espera-se que os participantes estejam, ou pretendam estar, ligados à prática ou formação em Primeiros Socorros.
Solicitamos que CONFIRMEM PRESENÇA, informando O NÚMERO DE PESSOAS e se NECESSITARÃO DE ALOJAMENTO. O PRAZO PARA INSCRIÇÃO É QUINTA FEIRA, 11/12/2014.
Aguardamos seu contato, esperando encontrá-los em breve.
Segue em anexo a programação.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Literatura e Filosofia ~- Humberto Batista Leal

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   Mesmo em tempos pouco doces e menos literários como são os dias da contemporaneidade, a poesia, como um fenômeno vigoroso da insolência humana, se dá de repente entre nós e recupera a inocência extraviada. É um aparecer súbito de inspiração e resistência que nos devolve à vida, inclusive quando esta tem gosto de perda. Assim é a poesia, tão ainda necessária na aridez da existência tocada pela cibernética.
   Leio os versos do poema O que sobrou (para Antonio Candido), de Cássia Janeiro, e entro num mundo em que a vida toda se veste para uma festa, absorvendo a morte e a ausência. A morte que não é de morrer, nem é de desespero, mas sim outro jeito de viver, entre cheiros e lembranças, na vastidão que acolhe o finito do humano.    
   Graças ao poema, enxergo o homem Candido em seu silêncio de resistir à partida da mulher de uma vida inteira. Outrora, ele sequer se preparara para recebê-la; ela simplesmente chegou. Dividiram o teto, escoaram juntos o tempo de viver; compraram e leram livros, tiraram retratos do cotidiano, construíram um mundo. Ali dentro as crenças, os anseios, os ceticismos, os plenos, os vazios. 
   A ampulheta da mulher se esgotou primeiro. Acabou-se precocemente a areia feminina. Ela se foi. E deixou para trás roupas, livros, retratos, o homem amado agora atravessado pela solidão. 
  O homem sente o fato de estar só, coisa que dói muito; e só não dói mais porque se transfigura em vida - a palavra vem redimir a perda, e então a vida dá um salto adiante, feito uma criança brincalhona, inocente como o amor que perdura para além de qualquer tempo.
   O homem resiste. A mulher agora vive na ampulheta que ficou. A ampulheta de Antonio Candido. 
   Eis o belo poema de Cássia Janeiro que faço questão de transcrever:

O que sobrou de você neste
Apartamento
Foram as suas roupas,
Que logo vão ser dadas,
Os seus livros,
Alguns dos quais serão meus,
Aqueles que compramos juntos,
As lembranças.
O que sobrou foram seus retratos e,
Quando vi uma foto sua, sorridente e saudável,
Lembrei-me de que não me preparei
Para a sua vinda,
Mas pude me preparar para a sua ida.
Mas quando você foi,
Ah, meu Deus!
O que sobrou?
O que sobrou
Fui eu.